O modelo de negócio Retrofit tem se destacado como uma abordagem inovadora e sustentável na indústria. Com o objetivo de modernizar edifícios existentes, o retrofit promove a atualização de sistemas elétricos, hidráulicos, de iluminação e estruturais, entre outros, visando não apenas melhorar a eficiência energética, mas também prolongar a vida útil das construções.
Originado nos Estados Unidos e na Europa, o conceito de retrofit surgiu em meados do século XX, como uma resposta à necessidade de preservar edifícios históricos e enfrentar desafios relacionados à legislação que proibia a demolição de certas estruturas. No Brasil, a prática do retrofit ganhou força mais recentemente, especialmente nas últimas décadas, impulsionada pela demanda por espaços urbanos mais eficientes e sustentáveis.
Durante as últimas quatro décadas, o esvaziamento do centro histórico tem sido um dos problemas urbanos mais discutidos, com governos anunciando diversas medidas para reverter essa situação. Paralelamente, tem-se observado um aumento significativo nas ocupações de moradia em prédios abandonados, destacando não apenas a necessidade de revitalização dessas áreas, mas também sua importância como espaços residenciais.
Um exemplo emblemático desse movimento é o Programa Requalifica Centro, implementado em São Paulo em 2021. Esse programa oferece incentivos fiscais para projetos de retrofit no centro da cidade, visando revitalizar edifícios históricos e aumentar a oferta de espaços habitacionais e comerciais.
Entretanto, o modelo também tem críticas, especialistas apontam a necessidade de garantias para a produção de habitação acessível nesses empreendimentos. Isso porque os valores de venda e alugueis nesses modelos são elevados quando comparados à realidade da maioria da população e servem como um demonstrativo do público que esses novos edifícios esperam contemplar.
Apesar de desafios e críticas, o retrofit tem demonstrado resultados promissores. Em São Paulo, por exemplo, diversos prédios têm passado por processos de retrofit, revitalizando espaços antes abandonados e trazendo vida nova ao centro da cidade. Esses projetos não apenas modernizam as construções, mas também contribuem para a preservação do patrimônio arquitetônico e cultural.
Um caso emblemático é o Edifício Renata, considerado um dos símbolos remanescentes da arquitetura moderna paulista, foi projetado pelo arquiteto Oswaldo Bratke (1907-1997) e tombado pela Prefeitura em 2012, juntamente com o Copan e o antigo Hilton Hotel, dois dos cartões-postais da cidade. O prédio permaneceu praticamente abandonado por dez anos, com somente dois inquilinos distribuídos em seus 12 andares.
Atualmente o Renata conta com unidades residenciais que vão de 25 a 284 m², seguindo um modelo similar ao do Airbnb e atualmente conta com um clube com um espaço gastronômico com café, que mistura a boulangerie francesa e a culinária brasileira.
Outro exemplo é o Edifício 7 de Abril. Inaugurado em 1939 sob a direção do renomado Escritório Técnico Ramos de Azevedo & Severo Villares, este edifício histórico é um marco na história das telecomunicações no Brasil. Desde sua inauguração como sede da Companhia Telefônica Brasileira (CTB), até os dias dos grandes conglomerados de telefonia como Telesp, Vivo e Claro, ele testemunhou décadas de avanços tecnológicos. No entanto, desde 2010, quando suas operações comerciais foram encerradas, este ícone permaneceu desativado.
O novo projeto, com mais de 35 mil m² de área construída, traz mais de 274 apartamentos em três torres, contando com espaços comerciais, áreas de lazer, uma praça central arborizada, piscina na cobertura, academia, área gourmet e coworking. O espaço ainda busca a reintegração dos habitantes com o estilo de vida urbano. Para isso, o térreo do edifício principal será conectado por uma galeria ampla, que abrigará lojas e restaurantes sob a direção de chefs renomados.
Por fim, o edifício Virgínia, que está sendo revitalizado no centro de São Paulo, traz atualizações estéticas e funcionais, o projeto inclui espaços multifuncionais no térreo, restauração de pisos originais e uma cobertura transformada em um oásis urbano, oferecendo vistas panorâmicas da cidade e um restaurante sustentável aberto ao público.
Por fim, o modelo de negócio Retrofit representa uma abordagem inovadora para enfrentar os desafios da construção civil, promovendo a modernização, a sustentabilidade e a preservação do patrimônio urbano. Ao adaptar edifícios existentes para atender às demandas contemporâneas, o retrofit não apenas transforma espaços físicos, mas também enriquece a experiência urbana e contribui para um futuro mais sustentável.