O Conjunto Nacional, uma obra arquitetônica imponente situada no coração pulsante de São Paulo, não é apenas um edifício comercial, é um testemunho vivo da visão empreendedora e dos sonhos audaciosos de José Tjurs, um empresário argentino cujo desejo era transformar a Avenida Paulista na Quinta Avenida de São Paulo. Com aproximadamente 150.000m², o projeto foi absolutamente impressionante do ponto de vista da escala e trouxe uma proposta inédita de uso misto.
Essa visão começou a ganhar forma em 1953, quando Tjurs contratou os renomados arquitetos Salvador Candia e Giancarlo Gasperini para materializá-la. No entanto, as obras, que começaram com entusiasmo, foram abruptamente interrompidas, levando à entrada em cena de um jovem e promissor arquiteto: David Libeskind.
Libeskind, então com apenas 26 anos, ganhou o concurso para projetar o Conjunto Nacional e logo se tornou o mestre por trás dessa magnífica estrutura. Mostrando consciência do arquiteto sobre o novo papel do edifício de caráter urbano, com extensão do espaço público, as calçadas em pedra portuguesa adentram seus espaços internos de pé-direito generoso por todas as quatro calçadas. A construção começou em 1955, marcando o início de uma era de inovação arquitetônica na cidade.
Uma outra característica marcante do projeto foi a introdução de uma cúpula geodésica de alumínio, inspirada no trabalho revolucionário do designer e arquiteto Buckminster Fuller. Essa cúpula não apenas conferiu uma estética única ao edifício, mas também representou um avanço técnico impressionante, concebido pelo engenheiro Hans Eger.
A inauguração do Conjunto Nacional em 1956 foi um evento de destaque, com a presença do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, reforçando sua importância como um marco histórico para a cidade e para o país. Logo, o complexo se tornou mais do que apenas um centro comercial; era um ponto de encontro social e cultural, abrigando não apenas lojas e escritórios, mas também o icônico Restaurante Fasano. Este estabelecimento sofisticado e elegante, com suas mesas espalhadas pela ampla calçada da Avenida Paulista, rapidamente se tornou um símbolo de glamour e requinte na cidade.
O Conjunto Nacional também marcou o início da verticalização da Avenida Paulista, uma tendência que transformaria radicalmente a paisagem urbana da região. Sua presença imponente e sua arquitetura inovadora não apenas definiram um novo padrão para o desenvolvimento urbano em São Paulo, mas também impulsionaram a valorização dos terrenos ao seu redor. Ao longo dos anos, o complexo continuou a evoluir, adaptando-se às mudanças e necessidades da cidade em constante transformação.
Em 2005, o Conjunto Nacional recebeu o reconhecimento merecido ao ser tombado pelo Condephaat, garantindo sua preservação como um patrimônio histórico, arquitetônico e cultural. Hoje, o edifício continua a ser um centro de atividades comerciais e culturais vibrantes, com a Livraria Cultura se destacando como a maior da América Latina em área construída. O legado do Conjunto Nacional transcende suas paredes de concreto e vidro; é uma parte integral da história e da identidade de São Paulo, uma lembrança constante do poder da visão e da determinação em moldar o futuro.