No Edital Mercado, ocasionalmente acompanhamos o mercado imobiliário chinês e sua crise. Hoje, discutimos as medidas mais recentes do governo para tentar revitalizar o setor.
Para contextualizar, o crescimento da China foi fortemente impulsionado por um boom imobiliário, alimentado pelo aumento da população e pela urbanização, fazendo com que o setor representasse 25% do PIB. Em 2020, a venda de terrenos atingiu US$ 4,2 trilhões.
Em 2021, o cenário começou a mudar quando os valores das vendas de terrenos começaram a cair. Na época, a China tinha cerca de 65 milhões de residências vazias e 93% da população já possuía casas, com 20% dos moradores urbanos possuindo mais de um imóvel, gerando um grande desequilíbrio.
Para enfrentar a crise, empresas como a Evergrande adotaram a estratégia de tomar empréstimos e vender apartamentos antes de serem construídos. Contudo, com a retração do mercado imobiliário, essa estratégia se mostrou inviável, resultando na falência de grandes empresas. Dois exemplos foram a falência da Evergrande, com uma dívida de $340 bilhões, e a Country Garden, com uma dívida de $191 bilhões.
Comparativamente, a população total da China, de 1,4 bilhão de pessoas, não seria suficiente para ocupar todos os imóveis vazios do país.
Para reverter essa situação, a China anunciou nesta sexta-feira (17 de maio de 2024) medidas para reanimar o setor imobiliário. Pequim incentivará os governos locais a comprar imóveis e transformá-los em habitação pública, flexibilizará as regras hipotecárias e oferecerá incentivos para a conclusão de projetos inacabados.
O país reduziu os valores mínimos de entrada dos empréstimos hipotecários para a compra de habitações por pessoas físicas e eliminou as taxas de juros mínimas para os empréstimos hipotecários na compra do primeiro e segundo imóveis.
A taxa de juros para empréstimos de até cinco anos será reduzida em 0,25%, passando a ser de 2,35%. Já a taxa para empréstimos acima de cinco anos também cairá 0,25%, ficando em 2,85%. O Banco Popular da China, o banco central chinês, informou que reduzirá as taxas de empréstimo do fundo de previdência habitacional para pessoas físicas.
O plano de poupança habitacional de longo prazo consiste em depósitos mensais obrigatórios por empregadores e empregados. O vice-primeiro-ministro He Lifeng pediu nesta sexta-feira (17 de maio) o aumento da construção de habitações subsidiadas pelo governo, afirmando que o mercado imobiliário está ligado aos interesses imediatos das pessoas e ao desenvolvimento econômico do país.
Em entrevista a jornalistas, Tao Ling, vice-governador do Banco Popular da China, disse que a instituição terá um fundo de 300 bilhões de yuans (cerca de R$213,2 bilhões) para apoiar as compras. Ele afirmou que as medidas anunciadas podem gerar até 500 bilhões de yuans (R$355,3 bilhões) em empréstimos bancários.